ADVENTO: QUATRO SEMANAS PARA DEIXAR DEUS ENTRAR EM SUA VIDA

02/12/2025 às 11:53h

O Advento é um dos tempos mais belos e mais sérios do Ano Litúrgico. A Igreja nos oferece quatro semanas preciosas para recolocar o coração no eixo da fé e reacender a esperança que vem de Cristo. Não é apenas uma preparação externa para o Natal, mas um caminho interior que nos convida a abrir espaço para Deus. Quando a liturgia nos faz ouvir as antigas profecias de Isaías e a voz firme de João Batista, ela está nos lembrando que a vida cristã é uma contínua vigilância, uma espera ativa, uma disposição de reconhecer que Deus vem sempre: vem no silêncio, vem na história, vem no coração de quem se deixa transformar.

 

A esperança do Advento não é um sentimento superficial; é uma virtude teologal que tem fundamento na fidelidade de Deus. Ele prometeu um Salvador e cumpriu Sua palavra ao enviar o Menino Jesus em Belém. Hoje, essa mesma esperança deve orientar a vida do leigo, que vive no mundo, entre desafios, responsabilidades e inquietações. É no cotidiano — na família, no trabalho, nos relacionamentos — que o cristão dá testemunho de uma esperança que não decepciona, como ensina São Paulo. A cada Advento, a Igreja nos desperta de novo, recordando: “É hora de levantardes do sono”, porque Cristo vem nos visitar.

 

Mas o Advento não se vive apenas esperando: vive-se também convertendo-se. A voz de João Batista ecoa em cada celebração: “Preparai o caminho do Senhor”. É um chamado direto, incisivo, urgente. A conversão não é apenas um ajuste moral ou uma mudança de hábitos, mas um movimento profundo do coração, que se deixa tocar pela graça. O Catecismo da Igreja Católica afirma que a verdadeira conversão é uma obra de Deus em nós, que pede nossa resposta humilde e sincera. Por isso, este é o tempo favorável para rever a vida à luz do Evangelho, deixar cair máscaras, romper com pecados persistentes e dar passos concretos rumo à santidade. Cada escolha por Deus abre uma porta para que Ele nasça de novo em nós.

 

Nesse processo, o Sacramento da Reconciliação ocupa um lugar central. Confessar-se no Advento é preparar o berço interior onde Jesus quer repousar. É permitir que a misericórdia de Deus restaure o que está ferido, ilumine o que está confuso e fortaleça o que está frágil. Na Confissão, recebemos graça verdadeira, não simbólica, e o coração se torna terreno limpo e fértil para acolher o Menino Deus. Um leigo que busca este sacramento testemunha maturidade espiritual e desejo sincero de caminhar com Cristo. Nada prepara melhor o Natal do que um coração reconciliado.

 

Além da conversão interior, o Advento também nos convida a gestos concretos. A oração, especialmente a leitura orante da Palavra e o Santo Terço, nos coloca na companhia amorosa de Maria, modelo perfeito da espera confiante. A caridade nos ajuda a perceber que o Cristo que esperamos também está presente nos que sofrem. A simplicidade nos ensina que Deus escolheu o caminho da humildade e que a verdadeira alegria não está no excesso, mas na essência. Pequenos gestos tornam-se grandes quando realizados com amor e intenção reta.

 

O Concílio Vaticano II recorda que o leigo é chamado a santificar o mundo a partir de dentro. Isso significa que viver bem o Advento é permitir que Cristo ilumine todas as dimensões da vida: decisões, prioridades, relações e sonhos. Não se trata de criar uma espiritualidade distante da realidade, mas de mergulhar na realidade com o coração transformado pela graça. O Advento, portanto, é uma escola de vigilância, esperança e fé madura. É o tempo de perceber que Cristo não vem apenas no Natal, mas vem todos os dias, de modos inesperados, nos acontecimentos, nas pessoas, nos sacramentos e até nos silêncios.

 

Ao aproximar-se o Natal, a Igreja proclama com alegria que “o Senhor está próximo”. Mas Ele não deseja nascer apenas em Belém: deseja nascer em você. Deseja encontrar um coração disposto, humilde e confiante. Se você vive este Advento com esperança firme, conversão sincera e reconciliação verdadeira, o Natal deixará de ser apenas uma data e se tornará um encontro transformador com o Deus que se fez criança para nos salvar. Que Maria Santíssima, Mulher do Advento, nos ensine a esperar, a acolher e a amar. E que neste Natal Cristo encontre em cada um de nós uma nova manjedoura, viva, aberta e cheia de fé.

 

Feliz e abençoado Natal

Fonte: Dra Angela Maria Mendonça