Segundo S. Dionísio, o sacerdócio é uma dignidade evangélica, ou antes divina; por isso, chama ao padre um homem divino. Basta saber-se que, no dizer do próprio Jesus Cristo, os padres devem ser tratados como a sua pessoa: Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos despreza, a mim despreza.
Considerando a dignidade dos sacerdotes, Maria d’Oignies, beijava a terra em que eles punham os pés.
Mede-se a dignidade do padre pelas altas funções que ele exerce. São os padres escolhidos por Deus para que tratem na terra de todos os seus negócios e interesses; é uma classe inteiramente consagrada ao serviço do divino Mestre, diz São Cirilo de Alexandria. Também Santo Ambrósio chama ao ministério sacerdotal uma “profissão divina”.
O sacerdote é o ministro, que o próprio Deus estabeleceu, como embaixador publicou de toda a Igreja junto dele, para o honrar, e obter da sua bondade as graças necessárias a todos os fiéis.
Não pode a Igreja inteira, sem os padres, prestar a Deus tanta honra, nem obter tantas graças, como um só padre que celebra uma Missa.
Com efeito, sem os padres, não poderia a Igreja oferecer a Deus sacrifício mais honroso que o da vida de todos os homens: mas o que é a vida de todos os homens, comparada com a de Jesus Cristo, cujo sacrifício tem valor infinito?
O que são todos os homens diante de Deus senão um pouco de pó, ou antes um nada? Isaías diz: São como uma gota de água... e todas as nações são diante dele, como se não fossem.
Assim, um sacerdote que celebra uma Missa rende a Deus uma honra infinitamente maior, sacrificando-lhe Jesus Cristo, do que todos os homens, morrendo por ele, lhe fizessem o sacrifício das suas vidas.
Mais ainda, por uma só Missa, dá o sacerdote a Deus maior glória, do que lhe têm dado e hão de dar todos os anjos e santos do Paraíso, incluindo também a Virgem Santíssima; porque não lhe podem do culto infinito, como o faz um sacerdote celebrando no altar.
Jesus Cristo morreu para fazer um padre. Não era necessário que o Redentor morresse para salvar o mundo: uma gota de sangue, uma lágrima, uma prece, bastava-lhe para salvar todos os homens; porque sendo esta prece dum valor infinito, era suficiente para salvar, não um mundo, mas milhares de mundos.
Pelo contrário, foi necessário a morte de Jesus Cristo para fazer um padre: pois, doutro modo, onde se encontra a Vítima que os padres da lei nova oferecem hoje a Deus, Vítima Santíssima, sem mancha, só por si suficiente para honrar a Deus duma maneira condigna de Deus?
O sacrifício da vida de todos os anjos e de todos os homens não seria capaz, como acabamos de dizer, de prestar a Deus a honra infinita, que lhe presta um padre com uma só Missa.