CRISTO FALA!

11/09/2023 às 12:49h

Cristo fala aos nossos corações das mais variadas formas possíveis. É a Palavra (cf. Jo 1, 1) que transmite-se a si mesma; é o Coração que fala aos corações, como diz o lema episcopal de São John Henry Newman (“Cor ad cor loquitur” – O coração fala ao coração). Se há um Coração que fala, deve haver corações que ouvem e que saibam se alimentar da Palavra transmitida, transformando as ânsias do coração em ações, como bem convida o lema deste ano vocacional: “[tendos os] Corações ardetes,
[coloquemos os] pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33. Acréscimos do autor).
Dentre as formas pelas quais a Palavra transmite-se está em destaque a Sagrada Escritura, que tem como autor primeiro o próprio Deus, que se utilizou de pessoas para transcrever sua Revelação e mensagem de Salvação. É interessante notar a
naturalidade com que Cristo quis deixar a mensagem da Nova Aliança, sem escrever por si mesmo qualquer coisa, mas pregando oralmente para aqueles que, posteriormente, a transmitiriam. Cada autor neotestamentário, mantendo suas faculdades próprias ao escrever, deixou eternizado os impactos que teve ao ouvir a mensagem do Salvador, revelando-nos a vivacidade com que, desde os primórdios do Cristianismo, a Palavra de Deus é recebida e praticada.
A Bíblia Sagrada não é um conjunto de textos mortos ou uma Constituição com as Leis do Povo de Deus, mas é a manifestação de um Deus vivo, que atua nos corações dos homens e faz com que a Palavra produza frutos verdadeiros e abundantes. A Palavra de Deus não foi revelada para ser artificialmente ou externamente executada, como um conjunto de códigos de computador, que se mal executados ocasionam a perda do processo inteiro, mas foi feita para ser vivida desde dentro, no âmago do coração, sem se preocupar com rigorismos ou farisaísmos. A prática externa da Palavra de Deus é viva e natural, resultado de uma fé que não pode agir contra si mesma, ou seja, contra as mudanças interiores que já aconteceram pela sua ação.
Não confunda-se, no entanto, pensando que deve-se agir impulsivamente. Obviamente nós, seres racionais, devemos agir racionalmente, portanto, essa mudança interior, causada pela fé, trará impulsos intelectuais e não, necessariamente, passionais. Logo, se minhas paixões tendem a me impulsionar a algo, é a vontade, movida pela inteligência, movida pela fé, que deve tomar a decisão final de agir, ou não, de acordo com essa paixão.
Neste mês dedicado às Sagradas Escrituras, saibamos vivê-las verdadeiramente e deixemo-nos ser impactados por elas, como foram os hagiógrafos e todos os Santos da história da Igreja. Que elas possam produzir os verdadeiros frutos em nós: frutos de
santidade, que edificam e renovam a Igreja em todas as épocas. Ouçamos a voz do Cristo que fala aos corações por meio da Sagrada Revelação!

 

 

Fonte: Seminarista Gustavo Dal Canton – 2º Ano de Filosofia Imagem br.pinterest.com
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