O tema central deste domingo é a entrega confiante à vontade de Deus.
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho”

Publicado em: segunda, 15 de dezembro de 2025 às 15:53h
Atualizado em: segunda, 15 de dezembro de 2025 às 16:12h
Por: Dom Antonio Carlos Rossi Keller

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho”

 

No limiar do Natal, o quarto domingo do Advento nos convida a contemplar a iminência do mistério da Encarnação. Enquanto os domingos anteriores nos preparavam com chamados à vigilância e à conversão, este nos mostra a concretude do amor de Deus: Ele envia seu Filho não de forma abstrata, mas encarnado em uma família, em um tempo e em um lugar.

O tema central deste domingo é a entrega confiante à vontade de Deus, personificada nas figuras de Maria e José. Ambos são chamados a acolher um mistério que ultrapassa a razão humana: o nascimento de Jesus, o Emanuel — “Deus conosco”. Diante do inesperado, não reagem com medo ou resistência, mas com fé e obediência. É nessa atitude de acolhida que se prepara verdadeiramente o caminho do Senhor.

Primeira Leitura – Isaías 7,10-14

No contexto de crise política e medo que envolve o rei Acaz, o profeta Isaías lhe oferece um sinal de esperança: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel”. Embora o texto original tenha um significado imediato ligado à situação da época, a Igreja reconhece nele uma profecia messiânica que encontra seu pleno cumprimento no nascimento de Jesus.

O nome “Emanuel” ressoa como uma promessa: Deus não permanece distante, mas entra na história humana com ternura e proximidade. É um convite à confiança: mesmo nos tempos de incerteza, Deus está conosco.

Segunda Leitura – Romanos 1,1-7

Paulo inicia sua carta aos Romanos apresentando Jesus Cristo como “Filho de Davi segundo a carne” e “Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação”. Ele é o cumprimento das promessas feitas aos patriarcas e o centro da missão apostólica: levar a todos os povos a obediência da fé.

Neste trecho, a identidade de Jesus é claramente afirmada: Ele é verdadeiro homem, descendente de Davi, e verdadeiro Deus, Filho do Pai. Sua vinda inaugura uma nova era, na qual somos chamados a viver como “santos” — isto é, consagrados a Deus e abertos à sua graça.

Evangelho – Mateus 1,18-24

Mateus nos apresenta São José como um “homem justo”, sensível à lei, mas ainda mais à misericórdia. Diante da gravidez inexplicável de Maria, ele planeja deixá-la em segredo, para não expô-la à vergonha. Mas, em sonho, o anjo do Senhor lhe revela o mistério: o filho que ela espera é obra do Espírito Santo, e ele deverá recebê-lo como seu, chamando-o Jesus — “porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”.

José, então, obedece sem hesitar. Sua resposta silenciosa é tão decisiva quanto o “sim” de Maria. Ele acolhe o projeto de Deus, tornando-se protetor da Sagrada Família e guardião do mistério da Encarnação. Sua justiça não é legalista, mas cheia de fé, disponibilidade e coragem.

Para Viver a Mensagem do Domingo

  1. Acolher o inesperado com fé – Assim como José, somos convidados a confiar mesmo quando não compreendemos totalmente os caminhos de Deus. Na vida familiar, no trabalho ou nas relações humanas, busquemos discernir a vontade de Deus com serenidade e abertura.
  2. Preparar o coração para o Natal com gestos concretos – Em vez de nos perdermos apenas nos preparativos materiais, reservemos um tempo para o silêncio, a oração e a escuta da Palavra, abrindo espaço interior para o nascimento de Cristo.
  3. Praticar a misericórdia – José escolheu agir com compaixão, mesmo diante de uma situação difícil. Que este final de Advento nos inspire a perdoar, acolher e proteger, especialmente os mais frágeis.
  4. Contemplar a figura de São José – Em tempos de insegurança e mudança, São José é um modelo de paternidade, trabalho, obediência e vida escondida. Invocá-lo e imitá-lo pode ser um caminho belo de santidade cotidiana.
  5. Viver a alegria da proximidade de Deus – O nome “Emanuel” nos lembra que Deus está conosco, sempre. Que essa certeza nos dê paz, esperança e coragem para enfrentar os desafios da vida com confiança.

Neste último domingo de espera, a Igreja nos convida a parar por um instante, como José diante do sonho do anjo, e dizer “sim” ao Deus que vem. Que o Natal que se aproxima não seja apenas uma data celebrada, mas um encontro pessoal com aquele que nasce para nos salvar e nos revelar o rosto misericordioso do Pai.

 

Fonte: Dom Antonio Carlos Rossi Keller