A MÚSICA SACRA LITÚRGICA NA HISTÓRIA DA IGREJA ATÉ O VATICANO II

09/04/2024 às 10:47h

Toda história do povo de Deus, desde o Antigo Testamento até nossos dias, é permeada pelo louvor a Deus, por meio do canto de Salmos e Hinos, fundamentado no louvor dos Santos, em espírito e em verdade (João 4,23), e que conduz o povo peregrino para a Jerusalém Celeste, onde cantarão o louvor perene e verdadeiro pelos séculos dos séculos.

Dessa forma, sabendo-se que a música é parte essencial da liturgia e que se torna sacra por participação aos ritos, é preciso que seu fundamento esteja presente no louvor e edificação dos fiéis, segundo ensina a Sacrossanctum Concilium (Nome de um dos textos saídos do Concílio Vaticano II – de 1962 a 1965). Este louvor a Deus é o grito do povo em direção a seu Senhor, que é a Luz dos homens, o Caminho, a Verdade e a Vida verdadeira. O louvor a Deus do nascer do sol ao seu ocaso é papel da Igreja que, nascida do lado aberto do Senhor, perpetua sua verdade na história.

Render graças a Deus é dever dos fiéis e, por consequência, isto deve ser cumprido no âmbito da participação destes mesmos fiéis na Liturgia, que é cume e ápice da vida espiritual da Igreja. Sem a correta compreensão da Liturgia em si mesma e nascida do Mistério de Cristo, não é possível ao homem atingir as elevadas verdades da fé. Sendo assim, propõe o Concílio Vaticano II, que o acesso aos tesouros da fé contidos na liturgia, seja dado à assembleia dos fiéis.

 O devido louvor que antecipa a glória do céu na Liturgia, forja a Igreja a que olhando para o Senhor encontre nele a razão da sua existência e de seu canto verdadeiro e profundo. Engrandecendo ao Criador, o homem pode assim compreender sua própria existência terrena esperando a vida no Céu. Assim, por meio deste louvor, o homem é formado nas verdades latentes da fé.

O elo entre o louvor a Deus e a edificação dos fiéis está na beleza, dignidade e correspondência da música com os textos propostos pela liturgia, havendo cuidado e observação destes princípios. Finalmente a Igreja poderá rezar verdadeiramente como o Prefácio Comum de número cinco, do Missal Romano, diz: “Ainda que nossos louvores não Vos sejam necessários, Vós nos concedeis o dom de Vos louvar. Nossos hinos de louvor não acrescentam nada à Vossa infinita grandeza, mas nos ajudam alcançar a salvação...”.

Somente quando estes elementos acerca do papel e fundamento da música litúrgica como louvor diretamente ligado a celebração dos mistérios de Cristo estiverem de fato maduros é que a Liturgia se tornará definitivamente a fonte primordial da vida espiritual de todo povo de Deus e, consequentemente, passará a ser cada vez mais bem celebrada e consequentemente a participação dos fiéis atingirá a verdadeira maturidade, produzindo frutos de verdadeira santificação e união com Jesus Cristo, sujeito de todo louvor e de toda ação da Igreja.

Fonte: Pedro Bisneto Niederle - Seminarista do período de estudo da Teologia -Seminário Maior Beatos Manuel e Adílio
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