O SENTIDO DO SOFRIMENTO

19/03/2024 às 10:18h

O sofrimento não só é inerente ao ser humano como também foi presente na história da humanidade. Seu sentido se manifesta ao longo da existência em diferentes graus e intensidade. Precisamos decidir o que fazer diante dele.

Diversos são os fatores determinantes do sofrimento. Expressa-se através da pobreza, discriminação, guerras, pandemias, casos de calamidades naturais, epidemias, catástrofes, poder aquisitivo baixo, falta de moradia, de emprego, de saneamento básico, de educação, saúde, lazer, flagelo da fome, famílias e a própria sociedade desestruturada dentre outros; estatisticamente, percebe-se que a questão psicológica tem se destacado. Segundo Silveira, 2007, muito mais do que ocorria nas sociedades tradicionais, o sofrimento está vigente e a dinâmica social contribui para o seu aumento.

Nossa reflexão ganha corpo na medida em que nos colocamos para refletir neste tempo quaresmal sobre a cruz de Cristo a partir do sofrimento de crucificados, do povo desfigurado pela doença, da precariedade no atendimento médico, superlotação dos hospitais, desabrigados e o descaso das autoridades que, diante do aumento das vítimas, não consideram mais os seres humanos e sim, apenas números, o que causa indignação.

O sofrimento, contudo, oferece ao homem a possibilidade da transcendência, buscando superar-se a si mesmo podendo olhar, acolher e cuidar da necessidade mais profunda do coração: o sentido da vida através da salvação e a completude da vida eterna, pois; no ser humano reside o grande mistério e a Cruz é o sinal dessa fidelidade.

O sofrimento presente em cada pessoa revela o sofrimento do mundo transformado pelo progresso e acolhido pelo homem, mas se encontra, ao mesmo tempo, ameaçado pela imprudência e falta de humanidade do próprio ser humano. Como cristãos, precisamos ser solidários diante do sofrimento humano, olhar o necessitado, sentir suas dores, suas angústias e ajudá-lo, contribuindo com o bem-estar, favorecendo a resiliência com ética, justiça, enfim um olhar que transcende a realidade.

Como membros do Corpo de Cristo, nosso sofrimento deve ser um impulso para a ressurreição, pois, unir-nos a Ele na vitória sobre a morte é sobretudo compreender a força da esperança que nasce de um coração que sabe crer, amar e perdoar. E, assim, ao viver a nossa Páscoa, unimo-nos a Ele que é o autor e o sentido da nossa vida.

Fonte: Clarice Bona Alves