CANTAR O SALMO RESPONSORIAL: UMA REFLEXÃO SOBRE SUA IMPORTÂNCIA NA LITURGIA

18/03/2024 às 14:36h

A Introdução ao Lecionário da Missa ressalta a relevância do salmo responsorial na celebração litúrgica, enfatizando seu valor espiritual e catequético. Destaca-se a impossibilidade de substituí-lo por qualquer outra forma de cântico, realçando assim sua singular importância no contexto da Liturgia da Palavra.

O Salmo, inserido na Liturgia da Palavra, desempenha um papel crucial ao provocar a resposta de fé e assentimento ao diálogo de salvação promovido por Deus na ação litúrgica. Sua conexão com a leitura inicial ou com o tema geral do tempo litúrgico confere-lhe um significado particular, como exemplificado nos salmos messiânicos durante o Natal ou no salmo 117 ao longo do tempo Pascal.

É lamentável observar uma prática inadequada que relegou o canto do salmo a um mero recitar, muitas vezes desprovido da ressonância poética e espiritual que o caracteriza. Coros, mesmo em grandes solenidades, por vezes optam por recitar os versículos, negligenciando a riqueza do salmo responsorial. Em contraste, a tradição de cantar os Salmos remonta aos degraus do ambão, uma prática denominada "gradual" na liturgia romana.

Uma ferramenta valiosa para preservar a autenticidade do canto do salmo são as melodias salmodicas, publicadas pela CNBB, encontradas no Youtube, fornecendo a musicalização dos salmos responsoriais e suas respostas. Este recurso deve ser uma referência essencial para a preparação e ensaio dos cânticos litúrgicos, especialmente durante a liturgia eucarística dominical.

A Ordenação do Lecionário da Missa enfatiza a importância do salmo responsorial, instando os fiéis a compreenderem a palavra de Deus presente nos Salmos e a transformá-los em oração da Igreja. A preferência pelo canto na forma responsorial é destacada, encorajando a participação ativa da assembleia na resposta ao salmista. As admoestações breves que contextualizam o salmo em relação às leituras também são recomendadas.

A tradição da Igreja destaca o apreço pelos Salmos, tanto que os Padres da Igreja frequentemente pregavam baseados nos Salmos cantados na liturgia. Este respeito perdura na exortação de São João Crisóstomo para que os fiéis recolham as respostas como pérolas, guardando-as, ponderando-as e transmitindo-as às gerações futuras.

Em resumo, os Salmos devem ser uma constante fonte de nutrição para a oração pessoal, sendo repetidos, cantados e assimilados. O salmo responsorial, mencionado por São João Crisóstomo, era originalmente cantado do ambão, com a participação ativa da assembleia na resposta. Participar ativamente na liturgia é mais do que observar em silêncio; é cantar, rezar, responder, tornando a celebração uma experiência sagrada.

A exortação de Crisóstomo ressoa como um lembrete para recuperar a prática autêntica do salmo responsorial em nossa liturgia, incentivando a participação ativa, consciente e plena na oração da Igreja.

 

Fonte: Dom Antonio Carlos Rossi keller