A FESTA A LUZ
Esta festa é também conhecida como Candelária, a festa de luz.

26/02/2024 às 14:14h

O dia dois de fevereiro tem um significado especial na tradição e na vida da Igreja e também na nossa vida. O que recordamos e o que celebramos?

Passados quarenta dias do nascimento de Jesus, a Sagrada Família se dirige ao Templo em Jerusalém a fim de cumprir duas prescrições da Lei: a apresentação do primogênito (cf. Ex 13, 2. 12-13) e a purificação da mãe (cf. Lev 12, 2-8). Os dois mistérios estão unidos na festa de hoje.

Por um lado, a apresentação do primogênito recordava a salvação dos primogênitos hebreus no Egito. De acordo com a lei de Moisés, o primogênito masculino pertencia a Deus e devia ser “consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23), pelo que esta cerimônia era considerada uma espécie de “resgate”. Por outro lado, a purificação da mãe realizava-se quarenta dias após o parto. Até então, ela não podia aproximar-se dos lugares santos, pois, conforme a compreensão da época, a mulher que tivesse dado à luz estava manchada, era considerada impura.

Na cerimônia de purificação, era oferecido um duplo sacrifício: um cordeiro e uma rola ou pombo jovem; mas se a mulher fosse pobre, podia oferecer duas rolas ou dois pombos jovens. O evangelista especifica que Maria e José ofereceram o sacrifício dos pobres (cf. Lc 2, 24). Este era o costume e isto era o que prescrevia a lei. 

Mas, quem é que se aproximou do templo neste dia? Não era Maria, a escolhida e preparada por Deus para ser a Mãe do seu Filho? O menino que ela trazia nos braços não era, por acaso, o próprio Filho de Deus? O P. José Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt ilumina este acontecimento. Ele diz: “Considerem como a liturgia apresenta Maria na apresentação de Jesus no templo. Ela vai ao templo e todos os que a veem devem supor que é uma mulher como todas as outras. O que faz ela? Sujeitou-se a lei, pois isto correspondia a vontade de Deus.”

Na verdade, este é um momento único e belo: o Filho de Deus entra no seu próprio templo. É por isso que o salmo responsorial canta: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar! Dizei-nos: Quem é este Rei da glória? É o Senhor, o valoroso, o onipotente, o Senhor, o poderoso nas batalhas!” (Sl 23, 7-10). Na realidade, porém, o “Deus poderoso” não queria entrar no Templo ao som de trombetas, mas apenas como uma criança entre outras. No meio das constantes idas e vindas de pessoas, entre peregrinos, devotos, sacerdotes e levitas: ninguém soube o que estava acontecendo. Apenas dois idosos, Simeão e Ana, tiveram o “Rei da Glória” em seus braços. Simeão foi inspirado pelo Espírito Santo, que o levou também ao “reconhecimento” de Jesus, como o Esperado, a Luz dos Gentios. A profetisa Ana conseguiu entender o que os outros tanto queriam ver: a presença de Deus! Ela soube ir para além das aparências e viu que aquele Menino era o “Esperado das nações”.

E nós? O que esta festa diz a nós que vivemos tão atarefados, correndo de um lado a outro? Será que não nos parecemos como aquelas pessoas que estavam no templo, quando Maria e José levaram o Menino para o apresentar ao Senhor e não o perceberam e não o encontraram? De tantas formas Deus continua a passar pela nossa vida. Devemos ter o cuidado e a atenção para o encontrar e deixar que Ele nos encontre.

Esta festa é também conhecida como Candelária, a festa de luz.  Cristo é a verdadeira luz. E esta luz nos foi dada no batismo. Num tempo de tanta escuridão somos chamados a levar a luz de Cristo e com ela iluminar o nosso caminho e o caminho de tantas pessoas que andam desorientadas porque perderam a Luz.

Esse dia também se tornou marcante na Igreja, sendo instituído, em 1997, pelo Papa João Paulo II, como o Dia do Consagrado.

Fonte: Ir. M. Claudete Rauen