LEMBRA-TE DE TEUS NOVÍSSIMOS, E JAMAIS PECARÁS!

09/11/2023 às 11:21h

O Senhor nos chama a meditar neste mês os novíssimos do homem, seguindo o que Ele nos pede no livro de Eclesiástico: “Lembra-te de teus novíssimos, e jamais pecarás” (Ecl 7, 40). A Igreja recorda que os novíssimos são “as últimas coisas que hão de acontecer ao homem.” (Catecismo Maior de São Pio X, 965), objetivamente “são quatro: Morte, Juízo, Inferno e paraíso.” (Ibid, 966).

Muitos tendem a pensar que trata-se de uma prática fatalista e pessimista, mas a reflexão sobre nosso destino final é algo que ajuda-nos a perceber a fragilidade e a dependência do homem de Deus. Somos meras criaturas e, como diz o Catecismo da Igreja Católica, “O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi criado por Deus e para Deus.” (Catecismo da Igreja Católica, 27), ou seja, perceber a finitude humana incita-nos a olhar para o desejo de eternidade inscrito nos nossos corações, que aponta para Deus, nosso fim último.

Notar esta inclinação à eternidade na alma, que aponta para Deus, em contrapartida com a finitude corpórea, faz-nos perguntar o que é necessário para levá-la a termo. É como se, na criação da alma, Deus colocasse uma faísca que precisa de combustível para tornar-se uma chama e esse combustível nada mais é do que a Graça santificante. Por outro lado, a água dos pecados deseja apagar toda e qualquer chama que esteja nos corações humanos, pois afasta-os do fim último.

Sabendo disso, chegamos ao seguinte raciocínio: meditar nos últimos acontecimentos da vida leva o homem a perceber sua finitude; em contrapartida, ele percebe que há em si um desejo de eternidade que aponta para Deus, o fim último; pergunta-se, então, como satisfazer este bom desejo; ao perceber que, existindo o bem e o mal, há coisas que agradam a Deus (bem) e coisas que O desagradam (mal) o homem, desejando a eternidade, fará aquilo que agrada ao seu fim último (permitir-se-á guiar pela graça) e evitará o que o desagrada (o pecado). Eis o fundamento lógico da referida passagem do livro do Eclesiástico.

Percebe-se no raciocínio uma concomitância entre o parar de pecar e o praticar o bem, que não aparece no livro do Eclasiástico porque o capítulo fala justamente sobre abandono do pecado. Portanto, a prática do bem é necessária para todos, como uma forma de fortalecimento na Graça e como antídoto contra a concupiscência , também como resultado da meditação dos novíssimos.

De que forma podemos, então, viver este mês dedicado à meditação dos novíssimos? Sendo fiel à vocação batismal, com a busca árdua da santidade, e buscando ouvir a voz de Deus que chama-nos a uma vocação particular. Que a Graça de Deus nos ajude a dizer com o salmista: “Completai em mim a obra começada” (Sl 137, 8).

Fonte: Gustavo Dal Canton - Seminarista do 2° ano da Filosofia
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