A Igreja, ao longo de sua história, sempre se empenhou em guiar seus fiéis na celebração digna dos mistérios sagrados. A vida litúrgica não é algo que se improvisa; ela demanda educação. Essa educação e transmissão da fé ocorrem também nos lares, na catequese paroquial e em tantas outras iniciativas pastorais da Igreja. Trata-se de uma iniciação pedagógica, uma introdução paciente, que dura a vida inteira, para que possamos celebrar os sagrados mistérios de Cristo na liturgia com os devidos respeito e proveito.

Na Liturgia das Horas, que todos os ministros ordenados, os religiosos e consagrados devem rezar obrigatoriamente a cada dia, encontramos uma antiga oração que é recitada antes dos Ofícios, quando se reza individualmente, e que diz assim:

"Abri, Senhor os meus lábios, para bendizer o vosso santo nome. Purificai meu coração de todos os pensamentos vãos, desordenados e estranhos. Iluminai o meu entendimento e inflamai minha vontade para que possa rezar, digna, atenta e devotamente este Ofício, e mereça ser atendido na presença de vossa divina Majestade. Por Cristo Nosso Senhor. Amém."

São palavras inspiradoras! Assim, a educação espiritual na liturgia requer que roguemos ao Senhor:

    • Que Ele nos mova, pela Graça, a louvá-lo.

    • Que purifique nossos corações de pensamentos e distrações inúteis.

    • Que ilumine nossa inteligência, pela Graça, para compreender o que estamos rezando.

    • Que vivamos a liturgia com dignidade, atenção e devoção.

Esses valores não saíram de moda, pelo contrário, são mais relevantes do que nunca.

Participar da liturgia não se resume a simplesmente a estar presente com o corpo ou a “fazer coisas” (como monições ou outros serviços): participar plenamente da liturgia significa uma entrada no Mistério de Deus, onde nossos corações, antes de tudo, batem com amor por Jesus Cristo.

A Igreja, como mestra incomparável, direciona seus filhos a viverem a liturgia de maneira espiritual, interior, sincera e amorosa.

Destaco algumas ideias-chave como introdução mistagógica ao fato litúrgico, como exigências fundamentais para uma boa e frutuosa participação na Celebração Litúrgica:

    • A necessidade do fervor, de uma alma ardente pelo amor a Deus.

    • A importância de uma piedade autêntica, que requer recolhimento e evita distrações, lembrando-nos com quem estamos nos relacionando.

    • A relevância da coerência entre nossas orações litúrgicas e nossa vida cotidiana, com uma clara consciência da fé que estamos proferindo e à qual estamos nos unindo.

    • A liturgia é uma experiência do amor de Deus; sem esse amor, nossas palavras e ações na liturgia serão  vazias, ritualistas.

A forma ritual prescrita pela Igreja, constante nos livros litúrgicos deve ser acompanhada por essa educação espiritual para todos que dela participam. É aí que devemos concentrar nossos esforços: na busca pela dignidade, pela interiorização, pelo acolhimento do Mistério de Deus e de sua Graça, com atenção e devoção!"