“Encontrámos o Messias!”. Eis a expressão de alegria incomensurável e gratificante de quem descobre ter atingido a meta tão desejada! Com estas palavras, narradas no Evangelho de João, André vai depressa ao encontro do seu irmão Pedro, para lhe transmitir a emoção de ter sido chamado por Jesus.
Discípulo de João Batista, André reconheceu no filho de José, o carpinteiro, o “Cordeiro de Deus”. O Evangelista recorda até a hora daquele encontro nas margens do Rio Jordão, que marcou para sempre a sua existência: Eram cerca de quatro horas da tarde.(…)
Mestre, onde moras? A resposta de Jesus à pergunta de André e de um seu companheiro, não tardou a chegar: Vinde ver. Era um convite que não podiam rejeitar; era a prefiguração de um outro chamamento, mais explícito, que Jesus faria também a Simão, seu irmão, nas margens do mar da Galileia: Segui-me; e far-vos-ei pescadores de homens. Os dois ficaram admirados, mas não hesitaram, como narra o evangelista Mateus: Deixando logo as redes, o seguiram[1].
Numa das suas catequeses sobre os Apóstolos, o Papa Bento XVI faz um completo retrato de Sto. André, através de relatos do Evangelho.
«A primeira característica que em André chama a atenção é o nome: não é hebraico, como teríamos pensado, mas grego, sinal de que não deve ser minimizada uma certa abertura cultural da sua família. Estamos na Galileia, onde a língua e a cultura gregas estão bastante presentes. Nas listas dos Doze, André ocupa o segundo lugar, como em Mateus (10, 1-4) e em Lucas (6, 13-16), ou o quarto lugar como em Marcos (3, 13-18) e nos Atos (1, 13-14). Contudo, ele gozava certamente de grande prestígio nas primeiras comunidades cristãs.
O laço de sangue entre Pedro e André, assim como a comum chamada que Jesus lhes faz, sobressaem explicitamente nos Evangelhos. Neles lê-se: “Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu os dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: 'Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens'” (Mt 4, 18-19; Mc 1, 16-17). Do quarto Evangelho tiramos outro pormenor: num primeiro momento, André era discípulo de João Batista; e isto mostra-nos que era um homem que procurava, que partilhava a esperança de Israel,
que queria conhecer mais de perto a palavra do Senhor, a realidade do Senhor presente. Era verdadeiramente um homem de fé e de esperança; e certa vez, ouviu João Batista proclamar Jesus como "o cordeiro de Deus" (Jo 1, 36); então ele voltou-se e, juntamente com outro discípulo que não é nomeado, seguiu Jesus, Aquele que era chamado por João o "Cordeiro de Deus". O evangelista narra: "viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia" (Jo 1, 37-39). Portanto, André viveu momentos preciosos de familiaridade com Jesus.
A narração continua com uma anotação significativa: "André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram Jesus. Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: "Encontrámos o Messias" que quer dizer Cristo. E levou-o até Jesus" (Jo 1, 40-43), demonstrando imediatamente um espírito apostólico não comum. Portanto, André foi o primeiro dos Apóstolos a ser chamado para seguir Jesus. Precisamente sobre esta base a liturgia da Igreja Bizantina o honra com o apelativo de Protóklitos, que significa exatamente "primeiro chamado". E não há dúvida de que devido ao relacionamento fraterno entre Pedro e André a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla se sentem irmãs entre si de modo especial. (…)
As tradições evangélicas recordam particularmente o nome de André noutras três ocasiões, que nos fazem conhecer um pouco mais este homem. A primeira é a da multiplicação dos pães na Galileia. (…)
A segunda ocasião foi em Jerusalém. Saindo da cidade, um discípulo fez notar a Jesus o espetáculo dos muros sólidos sobre os quais o Templo se apoiava. A resposta do Mestre foi surpreendente: disse que não ficaria em pé nem sequer uma pedra daqueles muros. Então André, juntamente com Pedro, Tiago e João, interrogou-o: "Diz-nos quando tudo isto irá acontecer e qual o sinal de que tudo está para acabar" (Mc 13, 1-4). Para responder a esta pergunta, Jesus pronunciou um importante discurso sobre a destruição de Jerusalém e sobre o fim do mundo, convidando os seus discípulos a ler com atenção os sinais do tempo e a permanecer sempre vigilantes. (…)
Por fim, nos Evangelhos está registada uma terceira iniciativa de André. O cenário ainda é Jerusalém, pouco antes da Paixão. Para a festa da Páscoa, narra João que tinham vindo à cidade santa alguns gregos, provavelmente prosélitos ou tementes a Deus, que vinham para adorar o Deus de Israel na festa da Páscoa. André e Filipe, os dois apóstolos com nomes gregos, servem como intérpretes e mediadores deste pequeno grupo de gregos junto de Jesus.(…)
Tradições muito antigas veem em André não só o intérprete de alguns gregos no encontro com Jesus agora recordado, mas consideram-no como apóstolo dos gregos nos anos que sucederam ao Pentecostes»[2].
A tradição refere a morte de André por volta do ano 60, em Patras. No momento da crucifixão, pediu para que a cruz fosse transversalmente inclinada, a chamada “cruz de Santo André”. Uma antiga narração atribui-lhe palavras que mostram a Cruz não tanto como um instrumento de tortura, mas de Redenção: «Ó Cruz bem-aventurada, que recebestes a majestade e a beleza dos membros do Senhor!... Toma-me e leva-me para longe dos homens e entrega-me ao meu Mestre, para que por teu intermédio me receba quem por ti me redimiu».
Escritos dos primeiros séculos do cristianismo, apontam o apóstolo como evangelizador da Ásia Menor e das regiões ao longo do Mar Negro.
Santo André é venerado como Padroeiro da Roménia, Ucrânia e Rússia.